You and Me (1938), Fritz Lang.
Voltei a Portugal - à pala de Walsh, claro. O meu novo artigo tem por objecto um dos filmes menos vistos e comentados de Fritz Lang - "You and Me", que será exibido, no âmbito da retrospectiva que a Cinemateca vem dedicando a Lang, no próximo dia 21 de Novembro. Na Sala Luís de Pina da Cinemateca, pelas 22h. O artigo pode ser lido aqui.
You and Me imortalizou, entre outros momentos (a lua-de-mel “gastronómica”, por exemplo), dois absolutamente deliciosos, aquele que dá nome ao filme e, sobretudo, essa inesquecível sequência onde sobressai uma subliminar mas vigorosa mensagem de que o amor se sobrepõe aos impulsos meramente carnais: nas escadas rolantes dos armazéns, numa conversa aparentemente – só aparentemente – banal sobre ténis entre Joe e uma atrevida cliente (atente-se na polissemia quase infinita do diálogo e, especialmente, do verbo “to play”…) – que é, a bem dizer, todo um convite sexual –, Joe rapidamente se desliga e, concentrado no olhar de Helen, que sobe em sentido inverso, faz pousar, muito discretamente, a sua mão sobre a dela (só por esta sequência, só por este hands touch, Lang merecia um epíteto semelhante ao de Lubitsch…). Enfim, e para pouparmos nas palavras – embora, para bom cinéfilo, uma imagem não baste, faltando-lhe o movimento… –, é tudo de uma economia de meios, de um estilo (no autêntico sentido do termo, que dispensa “efeitos especiais” e adornos supérfluos), de uma delicadeza, que – para acompanhar, só por momentos, o espírito pessimista de Lang – já não se vê hoje em dia.
(Excerto)
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