quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Algodão Doce


("Algodão Doce", Roke, Sinceramente Porto, 2020)


"Diz-me o instinto que um amor extinto
Vira algodão ou então labirinto
Eu minto quando digo: não te gramo
Este coração de pedra perde peso se te chamo
Nega tudo o que eu transmito, tanto fogo como água
P'a quê ser doutro mundo se é p'a ser de novo nada?
Eu nunca senti frio na verdade
Porque tu nunca saíste do outro lado da geada
Para quê jurar chama?
Se o pensamento é gelo e a nossa pele escama
O maior pesadelo nem é drama
A cova onde durmo guarda os sonhos de catana
Insano...
Insónias põem-se em fila indiana
Memórias dão-me vida momentânea
Mas máquinas do tempo são inúteis
Se é para viver p'a sempre sob condição humana

Quem dera que o chão não fosse duro
E fosse meu delírio ouvir gritos no escuro
Bizarro... Fazer bruços no fumo
É boiar sem destino e voar sem descuido, claro
Trocam-se olhares não maus-olhados
Se 'tamos a ver fantasmas me'mo com os olhos selados
Saudades? Algumas são ciúmes
Algumas semelhantes a tortura ou seis bagos
Que estrago, que estrilho, que história...
O nosso estilo sujo não é tratado como escória
A sério? A sério? A sério?!
Não somos números de série mas não voltemos ao zero
'Bora...
Se era p'a ser a princesa e o sapo...
De certeza que é mais tigresa e macaco
Não há roque e a amiga se levarmos saco

Amor nos mata, amar-te é mel
Amor nos salvará ou dirá à selva xau?
Se amor for ra-ta-ta, amar é click-clack-pow
Amor é arte? Nah! Amar é pôres-te a pau

Amor nos mata, amar-te é mel
Amor nos salvará ou dirá à selva xau?
Se amor for ra-ta-ta, amar é click-clack-pow
Amor é arte? Nah! Oh mia bella ciao"

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