"O local não era desagradável, era mesmo perfeito, desde que não se encarasse como uma decepção, mas sim como um sonho.
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Em muitas outras noites, quem passasse pelo jardinzinho das traseiras de sua casa poderia ouvi-lo, em voz alta e didáctica, ditando a lei e aos homens e especialmente às mulheres. A atitude destas, em tais casos, era deveras um dos paradoxos do sítio. A maior parte pertencia à espécie vulgarmente chamada das emancipadas, que protesta contra a supremacia masculina. No entanto, essas mulheres modernas lisonjeavam um homem como qualquer outra mulher o não faria - ouviam-no enquanto ele falava.
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Pode-se fazer aos matemáticos a concessão de quatro serem duas vezes dois, mas dois não são duas vezes um, dois são duas mil vezes um. É por isso que, apesar das centenas de desvantagens que tem, o mundo volta sempre à monogamia.
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Ainda sentia inteira confiança e lealdade para o com o seu companheiro, mas era a confiança que há entre dois homens que sobem juntos ao cadafalso.
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(...) querem que lhes diga qual o segredo do mundo inteiro? É que lhe conhecemos apenas as costas, vemos tudo por trás e parece-nos brutal. Aquilo não é uma árvore, são as costas de uma árvore, aquilo não é uma nuvem, mas sim as costas de uma nuvem. Não vêem que tudo se curva e esconde a carra? Se nós pudéssemos ver de frente...
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Se fostes desde o princípio o nosso pai e o nosso amigo, por que fostes também o nosso maior inimigo? Chorámos, fugimos aterrorizados, o ferro penetrou nas nossas almas, e vós éreis a paz de Deus! Posso perdoar a Deus a sua ira (...), mas não lhe posso perdoar a sua paz".
(G.K. Chesterton, O Homem Que Era Quinta-Feira, trad. Domingos Arouca)
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