quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Se7en



Deus descansou ao sétimo dia e isso é o que os seus enviados também desejam, um e outro unidos, sem o saberem, na aversão a um mundo fútil, corrupto e irreparável. Faces da mesma moeda, John Doe (a "banalidade do mal", ei-la, incrustada em todo o indivíduo) conseguirá os seus intentos, ganhando o bilhete para o descanso eterno depois de concluída a sua obra; Somerset, depois de uma vida de trabalho a remar contra o lodo, verá o desejado descanso fugir-lhe das mãos no último momento.

Leitura ultra pessimista do mundo em que o mal (que, ironicamente, se conserva idealista na realização da sua obra, ao contrário do bem) triunfa e obtém o seu triunfal descanso, não restando ao bem senão continuar o seu nobre mas condenado trabalho. Um, enfim, patético trabalho. A meio caminho, Mills, o idealista a prazo que, logo no início do filme, se auto-intitula junto da mulher como "Serpico", outro idealista que pagou o preço da candidez.

Continua uma obra-prima. E o filme também.

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