sexta-feira, 8 de agosto de 2025

hard truths (2)


1. ainda sobre Hard Truths. o filme continua aqui. o que agora sobressai é o facto de as "hard truths", ao contrário do que o título aparentemente promete, poderem bem não ser sequer aquelas de que as personagens conversam, lamentam, choram no filme. por exemplo: sabemos que tanto no caso da mãe das duas irmãs, como no caso de uma delas, o homem, o pai, é ausente. nunca saberemos mais do que essa minimal epígrafe; fala-se mas, na verdade, não se fala sobre ela. outra: terá o marido de Pansy sido sempre o paz-de-alma, pachorrento e paciente que testemunhamos no filme? ou haverá acontecimentos para trás na sua vida conjugal e com o filho que expliquem o desprezo tão grande, rancoroso e até vingativo que Pansy lhe vota (e que ele, num raro momento de descontrolo, retribui ao atirar o ramo de flores que o filho havia dado à mãe para o chão)? só dois exemplos... há um Passado demasiado silencioso, demasiado determinante, a espreitar.

2. nem de propósito, sobre o facto, que comentei há dias, de nunca sabermos aquilo (música? outra coisa? noise... cancelling?) que Moses escuta nos headphones: não me lembro, nos últimos anos, de uma banda-sonora tão forte como a de Hard Truths. autêntica personagem do filme: misteriosa, secreta, insinuante, dramática (no sentido original). mas também assustadora: há nela um fundo de terror.

Sem comentários: