"O sabor do verdadeiro conhecimento está definitivamente associado, na minha mente, ao terreno baldio que havia no fim do bairro para onde fui transplantado quando tinha cerca de 10 anos. (...) o mundo estava repleto de maravilha e mistério e só quando estávamos a tiritar de frio no terreno baldio falávamos a sério e sentíamos uma necessidade de comunicar que era simultaneamente agradável e aterradora.
A maravilha e o mistério da vida, que são sufocadas em nós quando nos tornamos membros responsáveis da sociedade! Até sermos forçados a trabalhar, o mundo era muito pequeno e vivíamos na sua margem, na fronteira, digamos, do desconhecido. Um pequeno mundo grego, ainda assim suficientemente profundo para proporcionar toda a espécie de aventura e especulação. E não era assim tão pequeno, pois reservava as mais imensas possibilidades. Não ganhei nada com o alargamento do meu mundo, pelo contrário, perdi. Quero tornar-me cada vez mais infantil e seguir além da infância, na direcção oposta. Quero seguir exactamente o percurso contrário à linha normal de desenvolvimento, entrar num estado de superinfantilidade que será absolutamente louco e caótico, mas não louco e caótico como o mundo que me rodeia".
Henry Miller, Trópico de Capricórnio
3 comentários:
Em grande medida, a infância é confortável e segura porque "nos é dada" e não construída por nós.
A passagem adulta para o outro lado das terras de ninguém dá-nos -com acertos e/ou com enganos - a possibilidade da escolha dos trilhos. E, apesar da responsabilidade, essa possibilidade tem um encanto único que acaba por saber sempre a vitória.
O desafio é conseguir o enxerto de um mundo no outro: manter a loucura mesmo depois da passagem do terreno baldio.
ln
porque nos é "dada", de facto.
NOTAS SOLTAS
O amor é como a guerra, facil de começar e dificil de terminar.
O que é uma mulher difícil? Fiz uma ronda via sms a uma dúzia de homens e recebi várias respostas previsíveis e uma brilhante. As repostas óbvias incluíam: uma mulher difícil é aquela que nunca sabe o que quer; a que nunca está satisfeita; a que não gosta de sexo; a que embirra por tudo e por nada; a que vive a queixar-se. A resposta brilhante foi: uma mulher difícil é uma mulher que não sabe aquilo que eu quero.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés de ter a noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que se deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar a resposta.
MR
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