domingo, 29 de maio de 2011

cinema

"O primeiro nome de Miss Humphries era Doris. Mrs. Benton tratara-a por Doris. Passara um ano num convento de Paris antes da Guerra e falou a Charley dos lugares que conhecera, da igreja da Madeleine, do Rumpelmayer e da confeitaria vizinha da Comédie Française. Depois de jantar foram os dois tomar café no vão de uma janela por detrás de uma grande begónia escarlate que emergia de um vaso de cobre e a rapariga perguntou-lhe se ele não achava Nova York intolerável. Ela sentara-se no poial da janela e ele mantinha-se de pé, dominando-a, olhando por sobre os ombros dela, através da vidraça, para o tráfego que formigava na rua. Principiara a chover e as luzes dos carros iluminavam as marcas sinuosas dos pneus que rasgavam faixas paralelas no asfalto de Park Avenue. Charley respondeu qualquer coisa do género que, por pior que fosse, lhe agradava voltar à pátria. No fundo tentava decidir se ofenderia no caso de lhe dizer que tinha uns lindos olhos".

Dinheiro Graúdo, John dos Passos.

Sem menosprezo para ninguém, mas dizer que isto é literatura é mero pormenor de forma.

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