"Da primeira vez que viu o filme, Gustavo Alatriste [produtor de Viridiana] ficou um tanto ou quanto embasbacado e não fez qualquer comentário. Reviu-o depois em Paris, duas vezes em Cannes e por fim no México. No fim desta última projecção, a quinta ou a sexta, precipitou-se para mim contentíssimo e disse-me: «Luís, finalmente, formidável, percebi tudo!». Foi a minha vez de ficar perplexo. O filme parecia-me extremamente simples. O que é que era tão difícil de perceber?
Vittorio de Sica viu o filme no México e saiu horrorizado, deprimido. Meteu-se num táxi com Jeanne, a minha mulher, para irem beber um copo. No caminho, perguntou-lhe se eu era mesmo monstruoso e se lhe batia na intimidade. Resposta dela: «Quando quer matar uma aranha, manda-me chamar».
Em Paris, ao pé do meu hotel, vi um dia o anúncio dum dos meus filmes, com o slogan: «O realizador mais cruel do mundo». Tamanha estupidez entristeceu-me muito".
Buñuel, a propósito de Viridiana (1961), Ciclo Luis Buñuel, Cinemateca Portuguesa e Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Outubro/Novembro de 1982, p. 108.
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