"Devo dizer que o desaparecimento do crítico «influente» me parece benéfica, porque de alguma maneira libertou o juízo do seu «efeito» (sobre as vendas, sobre o «sucesso»), tornou-o menos professoral, mais descomprometido. Porém, o fim da «influência» acarreta o fim do «prestígio», e a prazo o fim da própria crítica. Hoje temos muito informação disponível, fácil acesso aos media estrangeiros, uma multidão digital opinativa, quer dizer, nunca houve tanta gente que «escreve sobre livros», e portanto o ofício um pouco «olímpico» de «crítico» parece arcaico. Mas a imprensa, ao desistir da crítica, está a abdicar da «conversa civilizacional» que é uma das funções dos jornais e revistas desde há 200 anos. Está a dar força à ideia de que em literatura todas as «opiniões» se equivalem, o que certamente será muito democrático mas é culturalmente pobre".
Pedro Mexia, "O tapete sem figura", in LER, Setembro 2012, p. 21.
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