sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Walsh #14 - Crítica a "Blume in Love" (Recuperados)

 
 
Por vezes, chegamos às coisas boas pelas piores razões. Foi o que aconteceu com Paul Mazursky, de quem me abeirei por notícia da sua morte, em Junho último. Numa crítica em que tanto falo - ou tento, pelo menos, falar - do amor, foi, em boa verdade, de "amor à primeira vista" a minha relação com a filmografia de Mazursky. A minha crítica é, também por isso mesmo, e com as suas limitações, uma - quiçá vã - tentativa de trazer Mazursky para "cima do palco", ele que tão votado ao esquecimento tem sido (desde logo no nosso país). Em português escorreito: vejam os filmes, não se arrependerão.
 
A minha crítica, então, a Blume in Love (1973) ali ao lado (clicar). Quanto ao amor, é como diz o Blume: It's a miracle. (...) When you see two people in love, somehow you feel a little bit of it yourself.
 
Mazursky abre e termina o filme com um belíssimo e apertadíssimo plano-sequência da fechada de um edifício majestoso, velho e carcomido, naquele que é um elogio, se assim o podemos dizer, à “beleza das coisas antigas”, no sentido em que estas nunca desaparecem verdadeiramente, tal qual, afinal de contas, o amor de Nina e Blume, que apreciamos, no momento da reconciliação (e da sua renovação, a do amor), como um bom vinho velho. Na verdade, o divórcio parece, de certo modo, que “tinha” de acontecer – sobretudo para Nina –, para os fazer crescer, conhecerem-se melhor (a si próprios), e, depois sim, já pessoas diferentes, os fazer amar-se… melhor. 
 
(Excerto)
 

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