Há dias, manifestava a minha estupefacção - no melhor sentido possível - com The Free Food Tape (2015), EP lançado pelo rookie Slow J, músico de Setúbal. Dando seguimento a esse frémito, escrevi uma crítica a esse trabalho, a qual constitui, por sua vez, a minha estreia enquanto colaborador do site Rimas e Batidas, criado e dirigido pelo Rui Miguel Abreu, radialista e divulgador de música que dispensa apresentações, site o qual se dedica, sobretudo, ao hip-hop e à música electrónica.
Estando um pouco desligado da crítica de música nos últimos tempos, volto, desta forma, a explorar um território que me entusiasma e em excelente companhia. Escreverei, habitualmente, sobre hip-hop e, preferencialmente, sobre hip-hop português.
A minha primeira crítica disponível para leitura ali ao lado (clicar).
O efeito “bomba” que este EP causa no panorama português justifica-se por J ser, a um só tempo, um excelente letrista e cantor (e há muito potencial ainda para trabalhar) e um estupendo produtor, qualidades nem sempre fáceis de reunir, no espectro do hip-hop, num só artista. Há muitos mundos dentro do mundo de J: poético, etéreo, por vezes indecifrável, não deixa de ser, igualmente, um tecnicista da palavra e da métrica (oiça-se “Tinta da Raiz”, rap até ao osso), atributos a que se junta um flow multifacetado, capaz do rap mais linear e do mais esdrúxulo, violando as regras da fonética (i.e., alterando voluntariamente as sílabas tónicas por forma a produzir a rima) e recorrendo ao canto – “Canta!”, diz J a ele mesmo, em “Portus Calle” – sempre que o ambiente o reclama, neste capítulo se assumindo, juntamente com NBC, como um dos melhores rappers-cantores nacionais, ao jeito de um Aloe Blacc ou de um José James nos tempos de The Dreamer (2008).
(Excerto)
Sem comentários:
Enviar um comentário