terça-feira, 12 de maio de 2015

Walsh #28 Crítica - "Ballada o soldate"


No seguimento do meu maravilhamento no post de ontem, a minha crítica ao lindíssimo Ballada o soldate (A Balada do Soldado, 1959), de Grigoriy Chukhray, para ler no À pala de Walsh (clicar). O filme passa hoje, pelas 21h45, no Cineclube de Guimarães, oportunidade para redescobrir um dos muitos monumentos cinematográficos que o mal conhecido cinema soviético mantém ocultos.

Em Boyhood (...), Patricia Arquette acabava o filme a dizer ao filho, quando este se prepara para sair de casa e ir estudar para fora, “I just thought there would be more”, tocante súmula de como a vida passa a correr e nem sempre toma os caminhos que imaginámos, para nós e para os que amamos. Em Ballada o soldate, esse lamento ecoa com maior ressonância trágica ainda, porque Alyosha, embora, como Mason, tenha partido, ao contrário deste, não regressará - e, por isso, para a sua mãe, já viúva de um marido perdido também na guerra, não haverá mesmo "mais nada" (more). Aqui, nem sequer se pode dizer que a vida tenha passado a correr; foi, simplesmente, interrompida, como a ponte que, de um momento para o outro, bombardeada por aviões, é abruptamente despedaçada ao meio. Como a rapariga que, morta nesse rebentamento, é filmada num espantoso plano de “pernas para o ar” (como o mundo em que vive…).

(Excerto)

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