O The Game nunca foi um dos meus rappers preferidos (longe disso), nem mesmo quando assinou o The Documentary (estreia, 2005), mas isso não me impediu de ir acompanhando o seu percurso, reconhecendo-lhe talento aqui e ali. Uma das mais bonitas faixas dessa estreia era "Like Father, Like Son", que o Game dedicava ao filho acabado de nascer (e onde o Busta Rhymes fazia um refrão que deixou muita gente a pensar em como se tinha perdido um grande cantor de jazz). Agora, 10 anos depois, em Documentary 2 (díptico lançado há dias), "Like Father, Like Son 2" (novamente com o vozeirão do Busta) surge novamente, mas os destinatários, entretanto, já são dois filhotes. Em ambas as músicas, separadas por dez anos, o mesmo pavor, o mesmo desejo: que os miúdos se portem bem, que sejam tipos decentes, enfim, que não conheçam as mesmas ruas e as mesmas actividades que o pai conheceu para se safar em Compton (e de lá sair). A mesma consciência de que eles são a única coisa que lhe permite ter algum juízo e não se meter em mais chatices (cinco chumbos que aquele cabedal na foto já albergou). De que há rumos decisivos na vida e que ele, que aprendeu com o próprio pai os primeiros truques na arte do traficanço, pode ter uma palavra importante nos dos seus pequerruchos. E foi isto, belo e simples como todas as coisas que realmente importam, que me arrancou um estremecimento a caminho de casa enquanto reparava no Outono anunciado pelas folhas caídas no passeio.
I hope you grow up to become that
everything you can be
That's all I wanted for you young'n, like father, like son
But in the end I hope you'll only turn out better than me
I hope you know I love you young'n, like father, like son
My little man your day is
coming
Coming, your day is coming
I tell ya, and when it comes just keep it running
Running, just keep it running, I tell you
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