Depois de fazermos amor, ela disse que tinha encontrado um homem. Que talvez se apaixonasse, se é que isso já não teria acontecido. Fiquei entusiasmado com essa possibilidade e, num misto de curiosidade e cinismo, perguntei-lhe: "A sério? Conseguiste mesmo voltar a sentir aquilo?".
Com as palmas das mãos nas coxas, ela respondeu: "Como é aquilo? Lembra-me...".
As luzes e as sombras dos anos que passaram - ou dos que passarão? - concentraram-se no seu rosto naquele momento, todos os princípios e todos os fins. A descrença, o entusiasmo comedido, a ilusão que deixou de o ser, o pragmatismo triste (mas optimista?) de que precisamos como pão para a boca.
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