"Nas memórias, Luis Buñuel dedica um capítulo ao que chama «les plaisirs d'ici bas». Ao contrário do que se possa pensar, o sexo não ocupa o primeiro lugar, mas vem depois do álcool e do tabaco. Buñuel diz mesmo que os dois últimos «acompanham muito agradavelmente o acto de amor. Geralmente, o álcool deve ser antes e o tabaco depois» e acrescenta que ficou muito contente com a desaparição progressiva e finalmente total do seu instinto sexual, mesmo em sonhos, nos últimos anos da sua vida. «Estou muito contente, como se me tivesse, por fim, desembaraçado dum tirano. Se Mefistófeles me aparecesse a propor uma recuperação do que chamam a virilidade, respondia-lhe: 'Não, muito obrigado, não quero mais. Fortalece, antes, o meu fígado e os meus pulmões, para poder continuar a beber e a fumar à vontade".
(João Bénard da Costa in Escritos sobre Cinema / Le charme discret de la bourgeoisie, 1972, L. Buñuel)
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