É um homem bondoso. Magrito, de olhos claros, a pouca barba branca que lhe resta é fina como o cabelo que, teimosamente, lhe cobre a cabeça. Uma vez, ia eu na rua, obrigou-me a interromper a música que me entretinha para dizer, de sorriso traquinas posto: "Mais devagar, vá mais devagar, tem tempo!".
É um homem céptico. Chega ao café, jornal debaixo do braço, refastela-se na sua habitual cadeira do canto e atira: "este mundo está perdido... e não é de amor!". Dois ou três de nós entreolham-se com a cumplicidade de quem resiste à denúncia numa sessão de tortura e, secretamente, dá as mãos por debaixo da mesa do inquisidor.
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