Queria dizer "valha-nos Deus", mas, em vez disso, saiu-lhe, sem querer, ainda hoje continua sem perceber bem como, "falha-nos Deus", ou "falhas-nos, Deus", já nem certeza tem do percalço linguístico que uma mistura de tremeliqueira, do sempre perverso acaso e da dúvida originou. Por causa disso, disseram-lhe que havia perdido a fé e, em conformidade, decidiu renunciar. Por vezes, a fé nas normas coincide, precisamente, com a fé no divino, e, estando plenamente consciente de que é este facto que explica a abrupta secularização que o mundo em que vivia conheceu nas últimas décadas, concluiu que a sua renúncia, afinal, nada tinha de especialmente corajoso. "Renunciei não a Deus, mas, uma vez mais, à minha liberdade", lamentou.
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