A minha crítica deste mês lida com o mundo nada "safe" (mas não pelas razões que perturbam a Julianne Moore) de Safe (1995), fabuloso e premonitório filme do norte-americano Todd Haynes, e permitiu-me falar de uma série de coisas que me preocupam. O filme passa dia 28 de Janeiro no Cineclube de Joane, em Famalicão. Para ler no À pala de Walsh (clicar).
Começámos por Pasolini e pelo mundo que este, à época, dissecava para chegar a Todd Haynes e ao mundo sobre o qual Safe (1995) reflecte (e parodia?). Se, como já se escreveu e muito bem, Safe é um filme de terror, é porque, em bom rigor, o mundo (o “ambiente”, já que é também isso que está em causa) nele retratado é, ele próprio, de certo modo, um lugar de alguns “terrores”, outra forma de falar dos comportamentos e paranóias instituídas que o habitam – e é aqui que o cruzamento com Pasolini ganha luz. (...) Safe é um update da tese de Pasolini, no sentido em que o “novo fascismo” – descontando, insista-se, a inadequação do termo – personificado pelo consumismo tem o seu correspetivo, na pós-modernidade em que se ambiente o filme de Haynes, nas mais diversas, chamemos-lhe assim, “ditaduras da existência” (exacerbação da arte da existência, do “cuidado de si”, de que falava Foucault) (...)".
(Excerto)
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