O Cineclube Ao Norte, de Viana do Castelo, exibiu ontem The Stranger (1946), um excelente noir mas um dos filmes menos vistos e comentados de Orson Welles, sobre o qual foi publicada a minha crítica no À pala de Walsh. Para ler aqui (clicar).
"(...) quem é, afinal, o stranger do filme? Por aqui tropeçamos no primeiro – e já tristemente tradicional – equívoco: incrivelmente, a tradução portuguesa do título é “O Estrangeiro”, o que, embora não sendo um atentado à literalidade da língua inglesa (stranger tanto serve “estranho” como “estrangeiro”), fere a deliciosa polissemia do termo no original. Melhor, então, “O Estranho” – que tanto pode ser Franz Kindler (o próprio Welles, em mais um papel demoníaco), por ser (também) um estrangeiro na América mas, essencialmente, por não ser quem todos julgam que é (o Charles Rankin por que se faz passar); como pode ser o nazi Konrad Meinike, cuja libertação e chegada a um vilarejo (Harper) do interior da América despoleta toda a acção do filme; mas pode, ainda, ser Wilson [Edward G. Robinson, num papel aparentado ao do detective de Double Indemnity (1944, Pagos a Dobrar)], o membro da Allied War Crimes Commission que, uma vez em Harper, coloca a cidade em polvorosa (embora com bons propósitos)".
(Excerto)
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