São cinco ou seis adolescentes, saíram da escola para a hora do almoço, sei-o porque andei na mesma escola que elas, mas isso elas não sabem (nem lhes interessa). Estão sentadas numas escadinhas, uns metros depois da saída do supermercado. Comem sandes com o invólucro de plástico ainda por retirar, bebem o sumo de um enorme pacote de litro e meio de marca branca, partilham batatas fritas com voracidade. Vestem roupas de cores e tecidos agressivos, colares grossos pelo pescoço. Uma mão segura na sande enquanto a outra mexe na rede social do telemóvel. Costas curvadas, pernas abertas, despreocupadamente abertas, em postura masculina, quiçá conscientemente. Vão falando, falam alto, e dão gargalhadas. Subo as escadas e passo por elas, que não têm a mínima delicadeza em dar-me espaço para o fazer. Não me importo; aliás, era exactamente isso com que contava e foi por isso que decidi atalhar por aquele caminho, nem era o que me dava mais jeito.
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