(The Conversation, 1974, F. F. Coppola)
Segundos antes, ela diz-lhe, quase se descuidando: "It's only a trick"... Ele pergunta: "What?!". E ela, logo a seguir, corrige: "A job! You're not supposed to feel anything"...
E será que o incómodo crescente que ele diz sentir ao ouvir a gravação - e que o espectador apenas associa, nesse momento, às questões éticas e morais implicadas no acto de espiar o Outro e nas suas possíveis consequências - é já um indício, mesmo que inconsciente, de que 'something's wrong' se passa, de que a reviravolta final começa, timidamente, a assomar à superfície?
A certa altura, ele diz que pressente "medo" naquela voz feminina (no "Oh, God" do still acima, precisamente) e o espectador apenas o relaciona (a esse medo), novamente, com o receio de essa mulher 'infiel' em ser apanhada pelo marido - mas talvez não, talvez mais: talvez seja já o medo, o arrependimento, o horror de estar a planear um assassinato.
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