segunda-feira, 7 de outubro de 2019

silêncio (2)



(You Are Forgiven, 2019)


Por interposta pessoa, dei conta de que a versão de “Silêncio” que corre no Spotify e no YouTube não corresponde à versão original do álbum, talvez porque os senhores das plataformas acharam estranho que houvesse tanto, enfim, como dizer, silêncio ao-Deus-dará no final da canção. E, vai daí, toca a cortar a coisa, que disparate, um trecho tão grande “sem nada” a ocupar aqui megabytes para 'streamings'. Resultado: perde-se o alcance da canção, perde-se o poético jogo de correspondência que ela encerra. Na versão original, quando os instrumentos e as vozes se calam por completo, há sensivelmente 21 segundos de silêncio puro, 21 segundos gravados em estúdio propositadamente para ficarem na canção rigorosamente dessa forma. Como silêncio, como música.

"O que nos mostra o final (i.é, os últimos 20 segundos) de 'Silêncio' é que, ao tempo, Slow J junta agora uma particular reivindicação pelo som (e pela insistência com que lhe escutamos, antes do apagamento total, 'Voltar / A ouvir o silêncio' é impossível não pensar em Cage…), dimensão espiritual que quem ler essa entrevista de 2017 ao ípsilon perceberá estar discretamente latente na sua música desde o primeiro momento. Tempo e silêncio, eis, afinal, a grande meditação de Slow J: 'Tás aqui, pá?/ Não estás nada… / … É o sossego absoluto…'". 





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