Hoje, enquanto aguardava pela minha vez numa fila de embrulho de presentes, vi um rapaz que andava comigo na escola, tinha eu 13, 14 anos. Era magríssimo, altíssimo, óculos finos encaixados numa cabeleira preta e, pormenor que retive de então, umas mãos grandes, de dedos longuíssimos, com os quais coçava os olhos quando não tinha nada para fazer (e também quando tinha). Calado, metido consigo mesmo, com ar destrambelhado, era tido por aquilo que hoje vulgarmente se chama de um nerd.
Hoje vi-o. Continua igualzinho, coçou o olho direito como antigamente. Não me reconheceu, ou preferiu não o fazer. Levava um filme do Tati (creio que o Meu Tio) na mão e, só por isso, senti-me mais perto dele do que quando passava não sei quantas horas numa sala com quatro paredes, cinco dias por semana.
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