Há um conjunto de pessoas cujo denonimador comum não vou revelar, por elegância e conveniência de ocasião (mas que a etnografia ou mesmo a caractereologia conhecem de gingeira, dada a sua propensão para comportamentos tribais perfeitamente identificados e repetitivos), cuja estupidez consegue ser tão grande, e ao mesmo tempo tão cómica, que me deixa desconcertado.
É o caso de uma jovem que, depois de anos sem me ver, confrontada com o facto de eu agora usar barba (as pessoas crescem e o corpo acompanha esse processo), ter deixado de frequentar os mesmos meios que ela e, enfim, ter seguido outros caminhos, me diz, às duas da manhã (depois de me cravar interesseiramente um cigarro): ya, porque, tipo, tu 'tás todo naquela onda dos chakras, né? ya, tipo, o meu pai também, 'tá muito nessa onda, tipo, cenas tipo zen e budismo...
Quando ouvi "chakras", só pensei, estupidamente, na Chaka Khan. Voltei à terra e respondi que não, e aproveitei para dar uma resposta muito curial, dizendo que acabara o curso há alguns meses, e que agora iria trabalhar e continuar a estudar. Penso que a sossegou, embora tenha perdido algum do entusiasmo, exótico e vagamente místico, que me dedicara até então. Vulgarizei-me, assim, num instante, e fomos os dois felizes para sempre.
3 comentários:
as iludências aparudem quem diria?
Essa afirmação custou-te o teu mojo.
Melhor assim!
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