Muitas vezes, a passagem do tempo mede-se nos pormenores mais comezinhos do quotidiano. Com o calor do Verão, antes de adormecer, vira-se o lado da almofada no qual, até aí, apoiámos a cabeça enquanto lemos. Uma última sensação de frescura antes do sono. No Inverno, pelo contrário, mantemos a almofada virada do mesmo lado, quente e amolecido, para fazer frente ao frio.
Também há outros quentes e outros frios, os das alegrias e das tristezas, mas nisso o tempo não corre. Fixa-os, congela-os num sítio próprio, como compassos circunscritos. É a banalidade do quotidiano que faz o tempo correr, para o bem e para o mal.
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