"Quando as pessoas dizem que não se importam com o que os outros possam dizer delas, estão quase sempre a enganar-se a si próprias. Geralmente isso apenas quer dizer que fazem o que lhes apetece, confiantes de que ninguém virá a saber das suas excentricidades; ou, quando muito, que só estão dispostas a agir contrariamente à opinião da maioria porque têm o apoio e a aprovação dos que lhe são mais próximos. Não é difícil ser-se original aos olhos do mundo, quando essa originalidade não passa da convencionalidade do grupo a que pertencemos. Isso gera um empolamento desmedido da auto-estima, a auto-satisfação da coragem sem os inconvenientes do perigo. Mas o desejo de aprovação é talvez o instinto mais profundamente enraizado no homem civilizado. Ninguém procura com mais afã a capa da respeitabilidade do que a mulher não convencional que se expôs às pedras e flechadas do decoro ultrajado. Não acredito nos que dizem que não ligam nenhuma à opinião dos seus semelhantes. Não passa de bravata ditada pela ignorância".
Somerset Maugham, A lua e cinco tostões.
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