domingo, 26 de agosto de 2018

mesmo à saída, tremendo muito das mãos depois de enfiar a custo o porta-moedas na malinha, olhe eu já tenho noventa e sete anos por isso posso dizer tudo o que penso sabe o senhor é muito bonito

e enquanto retribuo a simpatia, primeiro pelo reflexo do espelho depois virando-me na cadeira e passando-lhe a mão pelo ombro magríssimo, penso no tempo que para aqui andamos para dizermos aos outros o que queremos dizer. talvez a vida devesse ser, de facto, como naquela famosa boutade do woody allen: nascermos velhinhos e irmos rejuvenescendo à medida que o tempo passa. pois então, aos noventa e sete anos, já nenhum não-dito teríamos para nos castigar. menos poesia teríamos também escrito, talvez.

1 comentário:

Manuela disse...

Totalmente de acordo!