quarta-feira, 4 de junho de 2008

híbrido

Estava cheio de expectativas para vêr a entrevista do Miguel Urbano Rodrigues (MUR) que passou ontem, pelas 23h:20 na SIC Notícias. Por ser um comunista (e não de esquerda como o próprio salientou); por ser um homem que já viveu em meio mundo (Brasil, na Colômbia com as FARC, Líbano, Irão, Afeganistão, ...); por ter uma obra literária vasta; e, enfim, por já muito ter ouvido a seu respeito e nunca o ter "conhecido".
Confesso que, em parte, fiquei um pouco desiludido. Embora me identificando em muitos dos idealismos (e idealismos aqui NÃO têm um cariz de impossibilidade) de MUR, a verdade é que também ouvi da sua parte muitos chavões. Alguns deles atendentes às bandeiras que, a meu ver, para um socialista (não do PS) como é o meu caso, não podem ser tomadas como bandeiras: Cuba, FARC, etc. Devo esclarecer que este meu anti-bandeirismo não é, no entanto, absoluto. Reconheço a Cuba inúmeras virtudes. Mas tudo o resto (democracia, direitos humanos, liberdades políticas e de expressão e por aí fora) sufoca o que de bom foi feito. Quanto às FARC, embora simpatizando com um sentimento de autodeterminação, a verdade é que a minha posição é um pouco semelhante à que tenho relativamente à ETA. Sou profundamente solidário com as aspirações bascas, se assim o povo, num hipotético referendo, o entendesse. Mas a ETA, essa, condeno sem reservas. Não a sua causa e os seus objectivos; apenas o seu modo de actuar. Ora isto é em tudo semelhante ao que penso relativamente às FARC. Causa e objectivo de um lado; modo de actuar do outro.
Todavia, ouvir MUR lembrou-me um pouco quando há dias ouvi Eduardo Lourenço numa conferência em Serralves. Lembrou-me um pouco o desejo que tive de um dia chegar àquelas idades e ter o discernimento, pensamento e presença daqueles senhores.

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