Trial on the Road (1971), Aleksei German.
Cheguei a Aleksei German (falecido em Fevereiro último) através de um artigo, "O Último Filme Soviético?", publicado há tempos na Atual (15-02-2014), que dava conta do furor que o seu último filme, Hard To Be a God (2013), havia causado no Festival de Roterdão. Do artigo aos seus filmes foi um passo e o resultado está na crítica (rubrica Raridades) que este mês assino no À Pala de Walsh sobre o seu filme Trial on the Road (1971). Censurado pelas autoridades soviéticas e pouco conhecido no Ocidente, German é um dos mais subvalorizados cineastas modernos - colocado pela crítica russa ao lado de Tarkovsky, um dos meus dilectos - que importa urgentemente (re)descobrir. Comecem, então, por Trial on the Road - a minha crítica aqui ao lado (clicar).
"E se o filme foi censurado (...) é porque os censores soviéticos não eram estúpidos de todo (...). É que um visionamento mais apressado do filme poderia sugerir a personificação do “herói soviético” (...) em Lazarev, ao menos a partir do momento em que este retorna às tropas soviéticas. Mas o filme não pretende, de todo, concorrer para essa visão das coisas; pelo contrário, em momento algum, Lazarev, homem de poucas palavras e que parece carregar o peso do mundo nos ombros, invoca o “socialismo”, o “bolchevismo” ou o “Partido” para tentar fazer crer na sua lealdade. Não, Lazarev é só um homem comum (era taxista antes da guerra, um “trabalho normal: girava o volante e juntava as gorjetas”, como conta a Inga) que, como tantos outros, perante a morte iminente, optou por sobreviver (há um gesto de carinho por estas “pessoas comuns”, na senda da declaração de amor explícita que German lhes dedica na cena inicial de My Friend Lapshin, de 1984)".
(Excerto)
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