sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Walsh #20 Crítica "Odete" (Noutras Salas)



No âmbito do ciclo "Harvard na Gulbenkian", com o qual o À pala de Walsh estabeleceu uma parceria, a Fundação Calouste Gulbenkian exibe, hoje, Odete (2005), a segunda longa-metragem de João Pedro Rodrigues e, quanto a mim, um dos grandes filmes do cinema português. A minha crítica, que me deu mesmo muito gosto de escrever, pode ser lida no local do costume - ali (clicar).


O primeiro beijo de Odete, o mesmo é dizer, o primeiro (grande) plano do filme, é tão belo quanto o beijo que Audrey Hepburn e Paul Varjak, os dois pingando à chuva, imortalizaram na última cena de Breakfast at Tiffany’s (1961, Boneca de Luxo), de Blake Edwards. Podíamos ficar por aqui, porque já teríamos dito muito, talvez o essencial, da segunda longa-metragem de João Pedro Rodrigues (...). A citação (a nossa e a que o filme explicitamente lhe faz) não é por acaso – Odete é matéria puramente cinéfila, e num duplo sentido: intradiegeticamente, na medida em que as personagens assistem, efectivamente, ao filme de Edwards (é “o” filme do casal de Odete, Pedro e Rui); mas, mais importante, extradiegeticamente, no sentido em que, com essa citação, o filme projecta a carne de que é feito: a recuperação, a reabilitação, enfim, o exercício de fazer renascer os mortos, os fantasmas, aqueles que já partiram.

(Excerto)

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