(D'où Venons Nous / Que Sommes Nous / Où Allons Nous, 1897-1898, Paul Gauguin)
É paradigmática a confusão em torno do significado do título do livro de Somerset Maugham: A lua e cinco tostões (The Moon and Sixpence, no original). Na capa do livro, diz-se que Maugham teria explicado o título no sentido de se "desejar a lua e ignorar a moeda que está caída aos nossos pés". Entretanto, porém, encontro outras explicações, de sentido diametralmente oposto (?), alegadamente do próprio Maugham: "If you look on the ground in search of a sixpence, you don't look up, and so miss the moon".
É paradigmática, dizia, pois está em linha com a extraordinariamente complexa figura de Charles Strickland, fascinante e odiável (muito odiável mesmo), e, sobretudo, com a sua trajectória de vida, inspirada (muito livremente) em Paul Gauguin: o abandono da família e de uma abastada condição social e profissional e o exílio para a vida de pintor miserável e errante em Paris, Marselha e, finalmente, no Taiti.
A questão, insolúvel, eterna, no livro e em todos nós, é essa: o que é a lua e o que é a moeda?
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