No Ípsilon de há umas semanas, escrevi sobre Papillon e o seu primeiro LP a solo "Deepak Looper". A liberdade está a passar por aqui.
"À data, Slow realçava como o seu horizonte era a mistura e o dinamitar de espartilhos (...), e Papillon é, neste sentido (nada pejorativo, entenda-se), o 'performer' de que Slow se serve para dar asas à sua profunda imaginação, numa sinergia altamente benéfica para ambos. De ...repente, encontramos Papillon, rapper “de formação”, a puxar da voz, cantando e experimentando entonações e inflexões por cima dos arranjos soberbos (apenas um entre mil exemplos: aquelas duas prodigiosas linhas de sopro sobrepostas no início de “Metamorfose Fase II”) com que Slow não pára de surpreender o ouvinte (...). Notável o modo como, em determinadas letras de Papillon, depois de, num primeiro momento, as palavras e as ideias poderem soar simplistas ou previsíveis, um twist as faz descarrilar (quase sempre com cariz dramático), assim densificando, problematizando, tudo aquilo que o ouvinte captara até aí (ao jeito da parábola) – é o caso de “1 Am”, canção aparentemente colorida e escapista cujo subtexto (negro, na verdade, e subtil na forma como o Pai biográfico se confunde com o Pai “Estado”) vai progredindo (teclas fabulosas, quase de filme mudo cómico, no momento da vertigem) até a um pesadelo-suicídio (há ecos do “sunken place” de 'Foge', o filme de Jordan Peele, também…).
"À data, Slow realçava como o seu horizonte era a mistura e o dinamitar de espartilhos (...), e Papillon é, neste sentido (nada pejorativo, entenda-se), o 'performer' de que Slow se serve para dar asas à sua profunda imaginação, numa sinergia altamente benéfica para ambos. De ...repente, encontramos Papillon, rapper “de formação”, a puxar da voz, cantando e experimentando entonações e inflexões por cima dos arranjos soberbos (apenas um entre mil exemplos: aquelas duas prodigiosas linhas de sopro sobrepostas no início de “Metamorfose Fase II”) com que Slow não pára de surpreender o ouvinte (...). Notável o modo como, em determinadas letras de Papillon, depois de, num primeiro momento, as palavras e as ideias poderem soar simplistas ou previsíveis, um twist as faz descarrilar (quase sempre com cariz dramático), assim densificando, problematizando, tudo aquilo que o ouvinte captara até aí (ao jeito da parábola) – é o caso de “1 Am”, canção aparentemente colorida e escapista cujo subtexto (negro, na verdade, e subtil na forma como o Pai biográfico se confunde com o Pai “Estado”) vai progredindo (teclas fabulosas, quase de filme mudo cómico, no momento da vertigem) até a um pesadelo-suicídio (há ecos do “sunken place” de 'Foge', o filme de Jordan Peele, também…).
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