no elevador: olho em frente, o espelho dá-me ainda mais profundidade de campo do que o cinema. vejo e torno a ver, multiplicadas e sucessivamente mais longínquas, as formas e os trejeitos da mulher ao meu lado. sem que ela repare, sem que, por um momento, se aperceba de como já guardei na memória o modo como pisca os olhos no silêncio incómodo, o movimento ascendente do braço e a mão que puxa o cabelo por cima da orelha. ela (não) é personagem; eu, novamente, enfim, espectador.
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