domingo, 15 de julho de 2018

"Nasir" no ípsilon



Nas e "NASIR" no Ípsilon de hoje, que também traz Paul Schrader e "First Reformed", para ver nos cinemas desde ontem.

ERRATA: "(...) remete-nos para o que de mais interessante ele possui, perdendo PERTINÊNCIA (...)".

On-line: https://www.publico.pt/2018/07/13/culturaipsilon/critica/nas-ressonancia-de-testamento-1837467

«O resultado da colaboração é francamente positivo, reforçando a camisola amarela editorial de Kanye West no presente ano, e algumas das apreciações menos boas que se têm ouvido explicam-se, essencialmente, por duas ordens de razão. A primeira reside na actual moda que garante pontos (ou "likes") a quem condenar West na praça pública (…) – tudo porque West manifestou apoio a Trump, o que, se pode ser ominoso (e é-o), não nos deve fazer perder de vista que, antes disso, há a música, e que convém ouvi-la sem palas de antemão (tudo isto levantando simultaneamente uma problemática questão: pode um apoiante de Trump ser anti-racista e denunciador da marginalização ou do abuso policial contra negros?). (…) A segunda razão – a de aqui se encontraria um Nas menos “poético” – entronca, em boa verdade, num erro comum entre os ouvintes de hip-hop: a propensão para confundir rap com poesia (“poesia urbana”, equívoco por excelência), forma, essencialmente, de tentar legitimar/justificar a sua condição “literária” ou, mais genericamente, a sua dignidade artística. É luta que, se ainda se poderia compreender há dez ou quinze anos atrás, está hoje francamente estafada: não só o rap dispensa muletas para valer como expressão artística (...), como a circunstância de se estar insistentemente a sublinhar esse atributo só acusa um complexo de inferioridade que, reitere-se, hoje, é só desnecessário (Kendrick Lamar acabou de vencer o Pulitzer, senhores…) (…). Se "everything", servida por um instrumental (e, já agora, um falsete) soberbo de West (é, sem cair em exageros, um dos melhores que já lhe ouvimos, épico na medida certa), não constitui uma das mais ricas e densas letras de Nas – mesclando a história política americana (abordada, de forma ainda mais “tratadista”, quando não aborrecida, em "Not For Radio", o pior instrumental do disco) com o ideal pan-africanista e relatos auto-biográficos –, então não sabemos quais serão as suas grandes canções».

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