domingo, 10 de abril de 2016

I wish I had someone else's face #3: Eu tenho dois amores / Uma é loira, outra é morena


(Consta que, além de lindíssima, não tira selfies)

No terceiro número da minha crónica I Wish I Had Someone Else's Face, escrevo, basicamente, sobre o sentido universal das inultrapassáveis palavras do Marco Paulo e aproveito para me declarar novamente, desavergonhadamente, à Sylvia Sidney. Ah, também demonstro, mais do que nunca, como estou (voltei?) na idade dos porquês (e que tal inventarem uma idade dos "porque nãos?"? Resolvia-se uma data de problemas).

Para ler aqui.

"De um lado, a loiríssima, “devilíssima” Claire (Adrianne Allen), que há uns anos deixou Jerry na sarjeta; do outro, a morena, bondosa e dulcíssima Joan, interpretada por Sylvia Sidney, a mais adorável e a mais bonita das actrizes de Hollywood dessas décadas (Marion Cotillard é a sua herdeira directa, se virem bem) (...). Dela escreveu Bénard da Costa, com a propriedade de sempre, que “nunca foi uma mulher obscura, de sótãos ou alçapões. Nela, até os sítios escuros eram claros, cor-de-rosa, cor de bebé-nestlé” [1]. (...) Entre Joan e Claire, porquê a indecisão? Qual indecisão? (...) Sim, desculpem a insistência: porquê? É também essa a pergunta, tenho a certeza, que Jerry faz a si próprio antes de cada contristado brandy que leva à boca: porquê que amo tanto aquele diabo da Claire? Porquê que digo à Joan que ela é swell mas nunca, como tantas vezes disse à Claire, que a amo? Porquê que não consigo desejar a Joan com a mesma abnegação, com a mesma loucura, ela que tão boa é para mim? Ele não sabe a resposta. Nós também não sabemos: nem à pergunta dele, nem às nossas".
[Excerto]


Sem comentários: