terça-feira, 30 de junho de 2015

Walsh #31 Crítica - "Amantes"


O meu último texto publicado no À pala de Walsh incide sobre Amantes (1991), poderoso filme de Vicente Aranda, realizador espanhol mal-conhecido que faleceu no mês passado e senhor de uma filmografia muitíssimo interessante. O meu texto procura, no fundo, servir de pretexto para o mergulho nessa filmografia. Para ler aqui (clicar).

P.S.: Se se escandalizaram com a imagem acima, são um dos visados no parágrafo inicial.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Artes Entre As Letras #1

Passei a colaborar regularmente com o jornal As Artes Entre as Letras, publicação impressa quinzenal (sai às quartas), no qual faço, uma vez por mês, crítica de cinema. O último número (149) já está nas bancas.
Dispondo de um espaço mais reduzido, os textos que lá encontram são necessariamente menos desenvolvidos que os que costumo publicar no À pala de Walsh, e servem, sobretudo (ou procuram servir, tento fazer por isso), o dispositivo mais tradicional da "crítica", incidindo, nesse sentido, sobre os filmes em sala.
Nesta edição, escrevo sobre Deus Branco (2014, Kornél Mundroczó), Força Maior (2014, Ruben Östlund) e As Nuvens de Sils Maria (2014, Olivier Assayas).

domingo, 21 de junho de 2015

Baltasar e Blimunda


(Arizona Dream, 1992, Emir Kusturica)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

filme infinito


(Clouds of Sils Maria, 2014, Olivier Assayas)

Gostava de dizer que é o Persona de Assayas, mas não o quero fazer para não elevar as expectativas de ninguém. Ups, já disse. O melhor filme de Assayas (dos que me chegaram) e o melhor filme do ano, por certo. Binoche e Stewart.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Walsh #30 Na morada dos cosmos/Gravity (Sopa de Planos)



Sopa de planos metafísica, desta feita, no À pala de Walsh (clicar).

"Pensar (n)o cosmos é pensar (n)o homem – essa a razão por que, ao contrário de tantos outros planos contemplativos do cosmos “puro e duro”, escolhemos um que ilustra essa relação, essa dependência inextricável. Não há cosmos sem o homem; não há homem sem o cosmos. Literalmente: o cosmos, a ideia de cosmos é, ela mesmo, uma construção intelectual, logo, humana. Se essa relação de dependência é tão evidente ou “rasteira”, ela não deixa, no entanto, de convocar as mais transcendentes e inquietantes questões. Aliás, ela levanta mesmo “a” questão das questões, a da existência e do seu sentido: quem somos? Porque estamos aqui? Quem ou oquê nos pôs aqui? Para onde vamos (não só, ou não tanto, no “depois da morte”, mas, sobretudo, enquanto grupo, enquanto humanidade, em marcha em direcção a alguma coisa)? Tudo perguntas de um tal teor que só possui equivalente plástico na vastidão, escuridão do cosmos, onde uma cientista se confronta com questões ironicamente nada existenciais, muito terrenas: a perda de uma filha e o urgente conserto da nave em que se encontra (com vista privilegiada para a Terra), sob pena de se desintegrar no espaço. Se, como referimos, é de dependência a relação entre homem e cosmos, entre particular e universal, terreno e transcendente, logo se infere como essa é uma relação, digamos, de amor-ódio: o cosmos é grande, infinito, e o desconhecimento que dele temos assusta aterradoramente o homem (inclusive sendo fonte das mais conspirativas teorias!) ao mesmo tempo que o desafia à descoberta e à superação (?) da sua condição. O medo, a sensação de esmagamento perante algo ou alguém que é maior que nós são esses pés sem piso firme onde pousar, esses braços pedindo ajuda, o esgar desesperado que se advinha dentro do capacete. Tudo no mais absoluto e belo silêncio, mestria de Cuarón, que o preserva no filme. Mais ou menos à deriva, o homem está só e só continuará no cosmos".

domingo, 14 de junho de 2015




O melhor de Enquanto Somos Jovens (o pior é a previsibilidade, a falta de rasgo e o facto de o Adam Stiller fazer, pela quinquagésima sétima vez, o mesmíssimo papel, aqui com a agravante de ecoar o sogro do pior) é o facto de podermos ouvir a "Buggin' Out" dos maravilhosos A Tribe Called Quest e, mais espantosamente ainda, a "Hit 'Em Up", uma das mais agressivas músicas do Tupac, dedicada ao seu primeiro amigo, depois arqui-inimigo, Notorious B.I.G. - uncensored, se não estou em erro.

A propósito, o À Pala de Walsh tem agora o seu "Palatorium", onde cada um classifica os filmes com... palas, como não podia deixar de ser. O último Palatorium está ali ao lado (clicar) - ainda lá não consta o Noah Baumbach, mas estou curioso para ver os paladares.

ReB #3 Crítica - "Passeio" (2014)



Foi republicada, no Rimas e Batidas, a minha crítica ao álbum Passeio (2014), dos portuenses Ollgoody's (Minus e Logos). Para ler ali ao lado (clicar).

Se as gentes do Norte conhecem, tradicionalmente, as terras a sul, já o inverso não é regra, só isso explicando o olhar muitas vezes provinciano – virando-se o feitiço contra o feiticeiro! – dos sulistas quando se deslocam ao Porto e ficam admirados, pela positiva, com a cidade, a sua beleza e os seus movimentos (sociais, culturais, etc.). Melhor momento não podia haver, então, para aproveitar o sol numa visita ao Porto na companhia dos Ollgoodys. It’s oll good.

(Excerto)



(Amantes, 1991, Vicente Aranda)

terça-feira, 9 de junho de 2015

um balão cheio de maturidade lá dentro

Na televisão, numa reportagem por algumas escolas, uma miúda (16, 17 anos, talvez), com ar duro mas esperto, diz, num misto de militantismo e espontaneidade: “o amor não é tudo na vida”. Ouvimos isto e pensamos: aqui está uma miúda madura. Porquê? Provavelmente, pelo facto de, há mais ou menos algum tempo atrás, determinada(s) experiência(s) nos ter(em) levado a acreditar, hoje, nessa ideia, assim como por temos esse ensinamento bem vivo no presente, i.e., no exacto momento em que a frase daquela miúda nos entra pelos ouvidos com uma instantaneidade de verdade esmagadora. Acontece que isso não quer necessariamente dizer que aquela miúda é madura ou que aquela frase é reveladora de maturidade. Nem que a frase continue a fazer sentido para nós daqui a cinco anos. E se, passado esse tempo, já não fizer sentido, em que tosco lugar fica a maturidade? Deixou a frase de revelar maturidade? Nós deixamos de ser maduros por já não nos revermos nela (contrariando a escala "cronológica" do amadurecimento)? A miúda deixou de ser madura?

A ideia de maturidade, ou daquilo que é sinal de maturidade, é das coisas mais débeis com que vivemos (com excepção no que toca ao vinho e às obrigações jurídicas), e o mais surpreendente é que, não obstante, é das ideias feitas mais consolidadas no senso comum e que, por isso, mais intensamente circulam no discurso sobre a nossa existência, sobre assuntos morais, até na política. Ela tem latente um processo de cristalização da experiência, de consagração de "dados adquiridos"; tem latente uma de certo modo ingénua (o perfeito oposto de... maturidade) percepção de uma meta alcançada, algo que, aparentemente, não sofre mais variações e que, na sua constância (ou pela sua constância), fixa um parâmetro de comportamento e de aferição dos restantes à sua luz. Todavia, se, daqui a uns anos, já não nos identificarmos com aquela frase - porque, por uma razão ou por outra, as circunstâncias da vida nos fazem crer, num dado momento, que, de facto, o amor é tudo na vida -, a ideia de maturidade esvazia-se tão rápida e embaraçosamente como um balão mal atado por uma criança.

Não sei que conclusão tirar disto; talvez a mais imediata seja a de lamentar a maturidade da miúda que (já) não acredita que o amor é (ou pode ser - ups, um pingo de maturidade misturado com "sensatez" a intrometer-se) tudo na vida. O que, por sua vez, me atribui a minha própria quota de maturidade, pois claro. Será que a nossa maturidade nos pode levar a dizer que uma miúda que, com esta idade, pronuncia uma frase deste teor é... imatura (mas porquê, porque é próprio das pessoas imaturas serem precocemente maduras?)? 

viver acima das possibilidades



(Antoine et Colette, 1962, François Truffaut)

sábado, 6 de junho de 2015

wet dreams


(White Bird in a Blizzard, 2014, Greg Arakki)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

"Ando sempre a pensar em dois miúdos que brincam num grande campo de centeio, ou, melhor, milhares de miúdos, e não há por ali uma única pessoa crescida a não ser eu. E eu estou mesmo à beira de um grande precipício. O que tenho a fazer é agarrar os miúdos que estão já na beira do precipício, isto é, quando estão distraídos e andam a correr por ali. É nessa altura que eu apareço para os salvar. Gostava de fazer isso o dia inteiro. Seria apenas o vigia do campo de centeio. Sei que é uma parvoíce, mas seria a única coisa que me agradaria. Mas sei que é uma parvoíce".

J. D. Salinger, Uma agulha no palheiro.