A Cinemateca passa hoje, pelas 19h30, o pouco conhecido The Strange Woman (1946), um dos filmes do underdog do cinema americano Edgar G. Ulmer, e que conta com a presença da espantosa Hedy Lamarr (na imagem). A minha crítica disponível no sítio do costume (clicar).
Quem é, então, esta strange woman, capaz de mover (e aterrorizar) montanhas? Numa das primeiras cenas do filme (imediatamente anterior à cena “narcísica” com que iniciámos), Ulmer identifica-a de modo paradigmático. “Faster, faster, faster!”, exige, qual Cleópatra (não por acaso citada a certa altura), uma Jenny ainda criança aos dois rapazes que disputam, nadando, uma corrida no rio. Jenny é a strange woman que, fruto da sua terrível – e temível – beleza (seria preciso um visionamento específico do filme para contabilizar todos os close-ups sobre o seu rosto…) e do seu natural autoritarismo, irá manipular, com um mero pestanejar de olhos, os homens conforme os seus interesses (como, já então, os dois nadadores imberbes), ao mesmo tempo que controlará os “tempos” de Bangor e dos seus habitantes, acelerando e abrandando (ora “faster”, ora “slower”) os acontecimentos, metendo as “mudanças” nas vidas (e nas desgraças) dos outros a seu bel-prazer e sem nunca olhar a meios para atingir os seus fins.
(Excerto)